As novas tecnologias ditam as novas linguagens. Num tempo onde a informação é instantânea e imediata, rapidez para se comunicar é sinônimo de eficiência, lucro e sobretudo uma necessidade. Surgem dai os novos códigos de informações, “simbolizados por símbolos”, um exemplo é a linguagem da informática, principalmente das redes sociais. A abreviação é uma constante, e ainda se tem recursos para reduzi-la ou trocá-la por símbolos, desenhos, figuras, tais quais hieróglifos. Mas ao contrário dos egípcios antigos que achavam que a escrita era uma ponte para se comunicar com os deuses por serem por eles deixada para as civilizações, a escrita na era da “pós-modernidade” vem sendo cada vez menos praticada, ela vem sendo substituída pela digitação. O ato de escrever, de empunhar a caneta o ou o lápis vem se tornando cada vez mais raro, numa época onde caracteres e símbolos de linguagens permeiam as nossa forma de se comunicar virtualmente com um infinito número de pessoas ao mesmo tempo. Enfim, este é o contexto de nossa atual cultura, que desenvolve-se agora a partir das novas tecnologias e avanços cibernéticos. E é inegável a influência das novas tecnologias nas relações interpessoais como um todo da sociedade, e também no processo de informação/formação do ser humano que pretende-se integral, via educação. O ponto crucial aqui é usar tais tecnologias ao favor da educação, no processo de formação integral do ser humano, já que temos a partir deste contexto a possibilidade de um saber informatizado, em detrimento de um saber universal (metarrelatos), como afrma Lyotard em seus estudos.
O desafio para pedagogia parece estar claro neste cenário que Lyotard denomina de “pós-moderno”, pensar os processos formativos em tal contexto. As ferramentas agora são múltiplas, links e mais links de possibilidades abrem-se, uma vez que o conhecimento se fragmentou em razão de questões informacionais, assim como a linguagem vem se fragmentando nestas novas formas de se comunicar.
O saber veio se tornando operacional a medida que as sociedades entraram na idade pós-industrial e as culturas, na idade “pós-moderna”, talvez desde a Revolução Industrial já se tenha iniciado este processo onde o saber científico passou a ser uma espécie de discurso, desde então o pós-moderno não está mais presente apenas no saber, mas nas esferas culturais, políticas e sociais. A linguagem pós-moderna, tal qual banquete de signos, vem fazendo parte de nosso cotidiano informatizado, falamos corriqueiramente em dowloads, uploads, hardware, software, bytes, megabytes, enfim, a linguagem como diria Wittgenstein, somente sugere linguagens, e ela vem incorporando os novos códigos de acordo com as transformações socio-culturais que os povos vem sofrendo, sobretudo, através da pós-modernidade.
O desafio da escola é o desafio a que todos estão inseridos, usar as novas tecnologias como ferramentas úteis e eficientes para o desenvolvimento da vida, do conhecimento e da cultura. As gerações acompanharam e desenvolveram-se paralelamente ao lado das tecnologias. Atualmente as tecnologias desenvolvem-se num ritmo acelerado, lançamentos tornam-se obsoletos após o seu próprio lançamento, vivemos o milagre das telecomunicações, já estamos acostumado com com todo o frenêsi da pós-modernidade e seus derivados. Mas ainda nas escolas o processo é lento. Nossos alunos vem deste contexto pós-moderno, mas ainda não o encontram em muitas escolas, e se o encontram ainda é precário ou não funciona muito bem. Professores que ainda não dominam estas novas tecnologias, ou são por elas dominados, no sentido que não conseguem fazer destas novas tecnologias parceiras e aliadas no processo de ensino-aprendizagem, equipamentos, máquinas, computadores que já não suprem a necessidade e a rapidez do acesso a informação, a escola ainda está se adaptando a era digital pós-moderna, mas ainda falta muito. Algumas tentativas logram êxito, mas outras são frustradas por falta de recursos materiais ou humanos.
Outro fator que merece uma detalhada análise é que grande percentagem de educadores que possuem já uma idade de trabalho relativamente considerável dentro de escolas e colégios ainda resistem as novas tecnologias dentro do ambiente escolar. Vários podem ser os motivos que levam a isso: a falta de domínio, o não conhecimento e o constrangimento que isso implica e também a resistência de não estar disposto a aprender, contrariando o que Bonilla atesta sobre a escola aprendente.
Temos um claro conflito nestas circunstâncias: uma comunidade que já nasce dentro do berço das novas tecnologias sendo que estas lhe são até corriqueiras e uma escola ainda obsoleta que resiste ou que ainda não está pronta para se beneficiar das novas possibilidades de informação e comunicação e sobretudo do conhecimento. A responsabilidade da escola nesse sentido é dupla: ela deve estar pronta eficientemente através de seus regimentos, projetos políticos pedagógicos, professores e funcionários para trabalhar com as novas tecnologias o tempo todo, sendo um ambiente onde a vasta gama de informações a que os alunos tem acesso seja discutida, analisada e gere a possibilidade de novos conhecimentos, ou novos links, utilizando a nova linguagem, um lugar onde as tecnologias sejam inseridas nas práticas estruturantes, e que tenha assim uma grande curricular, aberta, flexível e sobretudo acessível. A segunda responsabilidade, seria a de orientar e fazer com que os alunos desenvolvam o senso crítico, característica tão presente nos inúmeros projetos políticos pedagógicos de tantas escolas, onde mencionam a missão de formar cidadãos críticos, mas que são incapazes de resolver problemas básicos, como o lixo por exemplo. A missão de formar cidadãos críticos está intimamente ligada coma capacidade de discernir o que é bom do que é ruim, no que diz respeito as “inundações de informações” que recebe-se a todo momento através da mídia e especialmente da internet, e sobretudo, a necessidade de saber usar as novas tecnologias para o desenvolvimento integral do ser humano e enriquecimento cultural e social que somente pode advir através de uma educação planejada, desenvolvida e executada, capaz de acompanhar as mais profundas transformações da sociedade e da tecnologia. E para tanto cabe as escolas o definitivo despertar para a era digital-pós-moderna-tecnológica que nos encontramos, e adaptar-se aos novos mecanismos de ensino-aprendizagem, preparando-se com eficiência para trabalhar com com estas novas possibilidades que o conhecimento tecnológico propicia, pois estas mudanças tecnológicas prosseguirão em ritmo acelerado e o impacto da comunicação audiovisual e da informática sobre a sociedade contemporânea (alunos) será cada vez maior e cada vez mais imediato, repercutindo-se em todos os aspectos da vida e por toda parte, e se a educação não acompanhar este ritmo estará fadada ao inevitável sucateamento e fracasso.
É imprescindível a necessária atualização das escolas, seus conteúdos, grades curriculares e treinamento de professores e funcionários que ainda não dominem estas novas tecnologias, urge o compromisso de operar de uma nova forma, que diverge em vários aspectos da tradicional em termos de linguagem, escrita, oralidade e ações educacionais voltadas para a inserção da tecnologia
voltada para o ensino, está nuance é determinante no cenário pós-moderno, sua introdução deve ser imediata e didaticamente orientada para que nossos alunos sejam capazes de filtrar as avalanches de informações a que estão expostos, conseguir fazer sua leitura, análise e interpretação, separando o sensacionalismo das mídias desinteressadas, assim como a invasão perniciosa das inúmeras redes sociais que fazem com que adolescentes usem a internet e outros meios de comunicação apenas como recreação, permeados de futilidades ou puro exibicionismo, culto do eu, cultura do inútil.
A escola deve direcionar as novas linguagens e os novos meios de informação e conhecimento devem ser ditados pela escola para que os cidadãos dominem estas ferramentas e prol do crescimento pessoal, social e cultural. No cenário pós-moderno, uma educação pós-moderna é o básico, pois criatura nunca poderá ser maior que criador.
Por Henry Claude Stelmarsczuk
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