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segunda-feira, 2 de março de 2009

PUNK ROCK: A ARTE DA REVOLTA






PUNK ROCK, A ARTE DA REVOLTA.
Música de protesto no Brasil dos anos 80.

Henry Claude Stelmarsczuk[1]


RESUMO

Este trabalho estuda o punk rock como fruto da marginalização promovida pelo sistema econômico capitalista. De acordo com as transformações da sociedade, a música, e principalmente o rock, também foi se transformando. Diante da perplexidade da crise, do caos e da desordem global, o rock foi produzindo em diferentes escalas seus adeptos. Por ser de uma linguagem direta e simples, que procura expressar os sentimentos, o rock, na Inglaterra de 1970, foi assimilado e transformado em um subproduto: o punk rock, que seria absorvido e praticado pelos jovens no Brasil na década de 1980. Absorção que não foi mera cópia, mas uma adaptação do estilo à realidade local.


Palavras chave: punk rock, juventude, revolta.


Nós viemos para pintar de preto a Asa Branca,
Para atrasar o trem das onze,
Para pisar nas flores do Geraldo Vandré
E para transformar a Amélia em uma mulher qualquer.


Clemente, vocalista da banda Os Inocentes.




INTRODUÇÃO


Como música, o rock só pode ser encarado na perspectiva de mito – ou seja, só admite tradução na linguagem da própria música, embora várias tentativas tenham sido feitas para explicar cientificamente o fenômeno musical. E assim também foi com o punk rock.
Música de arranjos simples e descompromissados, o punk rock atestava seu total desrespeito pelas normas e padrões pré-estabelecidos que regiam toda uma sociedade, desencadeando toda a revolta e inconformidade da juventude, como se pode ver no movimento punk por exemplo, nos lugares em que ele se manifestou.
O termo e a expressão punk surgem com o próprio punk-rock, um sub-produto do rock. O aparecimento desse sub-produto do rock foi de modo abrupto, de tal forma que suas características, signos e identidade não foram acrescentados, antes, porém, já eclodiram junto com essa expressão musical que veio com tamanha energia, principalmente nas camadas jovens e menos favorecidas da sociedade.
O rock possui em si a força da libertação e da renovação, posto que ele se renova com cada geração que desponta. E o punk-rock, teve uma função renovadora muito grande dentro do rock. O punk-rock como expressão e evento musical, veio dar uma nova roupagem para o rock, uma nova energia, mais virulenta, com muito mais atitude e protesto. Pode-se dizer que o punk-rock foi um produto da sociedade industrial que excluía e oprimia as classes mais desfavorecidas.
A insubmissão, o desejo de vingar o mundo, ou de acabar com ele, o ódio aos inimigos ou aos traidores, aqueles ídolos sessentistas que traíram a revolução que o rock trazia e anunciava em suas canções, e acima de tudo a miséria, o desemprego, a falta de uma perspectiva de uma vida melhor, enfim, todas essas visões niilistas sobre a cultura jovem, foram a mola propulsora para a explosão do punk-rock, como música e movimento cultural das massas jovens.

A falência do rock-como-revolução começou mais evidente no aburguesamento dos ídolos. Dos Beatles para começar, seguidos de Dylan, Rolling Stones e outras estrelas que, milionários, esqueceram-se da causa que defendiam. Decididamente o rock não era mais aquele. E a reação surgiu violenta, pelas mãos dos novos bárbaros da música pop, os punks. O punk rock, embora considerado efêmero, parece ter persistido, menos como música do que como atitude social e forma de protesto. Seus alvos não eram apenas o Sistema, mas ‘traidores’ do movimento, como Mick Jagger, Rod Stewart, Paul McCartney, The Who, que teriam renegado sua missão original. Segundo o critico de rock John Rockwell, ‘aquela missão era revolucionária. Não revolucionaria no sentido de que os roqueiros apoiassem conscientemente a insurreição organizada ou a luta de classes em termos marxistas; o punk rock seria riscado peremptoriamente, por qualquer comunista como ‘baderna”.’ [2]

Como presume Muggiati, o rock nos anos de 1960 tinha uma missão revolucionária para os jovens do mundo. Era a válvula de escape para a juventude do pós-guerra. Os valores como a paz e o amor permeavam as letras das canções e o colorido das roupas mesclavam-se com os cabelos longos.
Havia um sentimento em comum entre os músicos e a platéia, irmanados por um mesmo ideal que girava em torno da tríade sexo, drogas e rock’n’roll, a filosofia do poder da flor, as calças de boca-de-sino, a cultura das drogas psicodélicas e toda a utopia hippie que teria fim com o festival de Woodstock em 1968.
Assim o rock nos anos de 1960 foi um modismo que tornou muitos ídolos dos jovens milionários que teriam renegado a missão original que sua música apresentava. O rock deixa de ser revolucionário desde que passou a ser comercializado e capitalizado, tornando-se inacessível a todas as classes. A comercialização e a capitalização do rock reduziram essa sua potência política de instrumento de intervenção.
Essa comercialização do rock e sua capitalização tornaram-no em algo que somente alguns privilegiados poderiam fazer, algo superproduzido, com um som superelaborado, que exigia dinheiro e muito conhecimento de música. O rock afastou-se, assim, dos movimentos que o impulsionaram e se tornou espetáculo. Como propõe Bivar:

Tudo que antes dera a impressão de espontâneo, tribalista - uma festa da qual todos participavam, todos faziam parte - agora, na primeira metade da década [de 1970], era superproduzido, caro, bombástico e presunçoso ... A tudo isso somava-se a mais recente das maravilhas: o raio laser. Sem falar no instrumento musical mais avançado na época, o sintetizador.[3]

O rock foi se afastando do ideal de ser um veiculo de expressão e luta para os jovens, passando a ser comercializado como uma mercadoria, industrializado, caro e inacessível, enriquecendo músicos, tornando-os astros, estrelas do rock, que tendo outro objetivo agora, outras temáticas para suas músicas, criaram um novo estilo: o rock progressivo.


termo que, a partir de 69, serve para identificar um tipo de rock mais elaborado e cerebral. capaz de forjar amálgamas até então im­pensadas com o jazz, o folk e a música clássica. Trocando em miúdos, ganhou notoriedade pelas demonstrações de virtuosismo técnico (solo a rodo, intrincadas mudanças de andamento, improvisos intermináveis), pelo tratamento épico dispensado aos temas e pela eclosão dos famigerados álbuns conceituais que giram em torno de um único e grande motivo... (Dolabela et aI., 1994, apud Silva, 1995, p.37)[4]

O rock de simples passou a ser complexo. Dos temas comuns das músicas como, justiça, guerra, violência, paz e amor, as canções agora de longa duração e solos intermináveis tratavam de temas épicos, lendas, epopéias, castelos, duendes, florestas encantadas, reis e rainhas, fantasia medieval e fantasmagorias de heróis, temas maçantes e que estavam longe da realidade do momento. De acordo com Bivar,

o problema era que sem o expansor de consciência (o produto quími­co, LSD) essa música era chatérrima. A paciência chegava ao seu limite. A próxima coisa teria que ser exatamente o oposto dessa abundância oca. A próxima coisa teria que ser um retorno ao básico. A próxima coisa teria que ser punk. E foi.[5]

O punk rock é classificado no campo musical como uma reação ao rock progressivo, o básico dos três acordes do rock. É, portanto, colocado como uma revolução musical, e o punk rock surge inicialmente como música, o que não significa que não havia um público pronto esperando esse tipo de som e identificando-se com ele.
Como pode ser percebido no livro Mate-me por favor: uma história sem censura do punk, havia toda uma cena alternativa ao rock progressivo em Nova York da década de 1970, na qual se fizeram várias experiências de retorno a um rock mais básico e contestador.
Essa cena atinge também a Inglaterra, onde o punk rock se transforma no que o mundo passou a conhecer pela mídia: um grupo de jovens sujos, com roupas rasgadas e cabelos espetados, uma atitude agressiva e fazendo um som que os ouvidos não estavam habituados. Era o punk rock, e foi logo notícia.
O punk rock foi revolucionário na Inglaterra principalmente como uma manifestação de frustração e raiva de classe e, no mundo ocidental, num sentido mais amplo, como um símbolo de energia inquieta de uma subcultura jovem que encarava a sociedade burguesa industrializada como hipócrita, acomodada e sem perspectivas.
Os motivos eram fortes, eram reais. Não havia como negar para a cultura jovem do mundo ocidental o contexto em que se encontravam, aquele contexto dos anos setenta, o mundo após a petro-guerra, o resfriamento da cultura, da contracultura, o primeiro e talvez o último movimento sócio-politico nascido da força da música eletronicamente ampliada.
O contexto “niilista” da época e o clima de acomodação, de conformação, de resfriamento generalizado, o vazio existencial de uma época, a crise eminente e o fator mais decisivo que pode causar o maior descontentamento dentro de uma sociedade capitalista, o desemprego, ajudaram na explosão do fenômeno punk. Uma espécie de manifestação cultural que veio da margem da sociedade, do resto, e por vir da margem foi taxada e estigmatizada como marginal pelos padrões morais vigentes da sociedade civil.

Marginal é uma pessoa que está à margem da estrutura social capitalista burguesa. Isso quer dizer que ela não vai trabalhar como escrava, não vai se deixar explorar, não vai trabalhar em coisas que não goste, não vai produzir coisas que acha desnecessárias. Essa pessoa se torna marginal porque não entra na engrenagem.[6]


De acordo com está definição de Roberto Freire, marginal seria aquele individuo que vinha da margem, que estava fora da engrenagem, fora do sistema ou contrário ao sistema, como era o caso dos jovens punks que atestavam através da música punk rock seu total desrespeito pelas normas e padrões pré-estabelecidos que regiam a sociedade. Na visão de Muggiati, jornalista paranaense, a etimologia do punk rock, tem uma origem e um significado bem evidente:

Também chamado “rock-da-fila-dos-desempregados”, o punk, mais do que protesto, serviu-se do deboche e da agressão como armas. Etimologia: punk = “droga”, coisa sem valor, ruim, podre, desgraçado, doente. Exemplo de canção: “Sou um anticristo/ Sou um anarquista/ Não sei o que quero/ Mas sei como chegar lá/ Eu quero é destruir” (Anarchy in the UK., Sex Pistols). Na verdade, foi esse grupo inglês que simbolizou a ascensão e queda do punk rock.[7]


Podemos considerar o “sistema” como o termo preferido para designar a sociedade capitalista, com aqueles que são beneficiados por ela e os que a sustentam mesmo sem saber. O movimento punk não surge com o propósito de mudar esse estado de coisas, pretende simplesmente se opor a ele.
Nesse sentido, não pode ser identificado com nenhuma manifestação ou movimento coerente que pense em repudiar e modificar o “sistema”, sua coerência está justamente em não ser coerente com nada, a não ser a manifestação de sua revolta, posto que a coerência era identificada com as coordenadas do “sistema”.
Antonio Bivar trata desse movimento, anos após a explosão do Sex Pistols em Londres, Inglaterra, a milhas e milhas da América do Sul. Para o autor, antes de ser música, ser punk é uma atitude de inquietação e revolta.
Segundo Bivar, nenhum movimento musical levou tão a ferro e fogo a máxima do “faça você mesmo”. Com poucas referências do punk feito fora do Brasil e nenhuma remuneração, os adolescentes da periferia só tinham acesso a uma revista ou outra sobre o assunto. Office-boys eram a maioria, muitos trabalhavam em escritórios, no centro", descreve o escritor Antonio Bivar. Discos, então, eram artigos raros.
Quem trazia do estrangeiro ou os conseguia com alguma importadora compartilhava com os amigos, fazendo cópias e mais cópias em fitas K-7. Diante da escassez de informações, resolveram dar identidade própria ao que seria o punk brasileiro, fazendo sua música, suas roupas, sua rebeldia. Daí, o surgimento das primeiras bandas, como Restos de Nada, Cólera, AI-5, Condutores de Cadáver e Os Inocentes.
Eram pessoas que não conseguiam se integrar ao sistema, não porque não tentassem fazer isso. As condições estruturais da sociedade não permitiam. Sua revolta, portanto, era contra um estado de coisas que não os acolhia. Se não havia lugar para eles nesse mundo fechado de escolhidos do “sistema” então eles se propunham criar um espaço e um estilo social que não aceitaria aqueles que os repudiavam. Era um repúdio ao repúdio.
Mas antes de chegar ao Brasil, o termo punk ficaria conhecido mundialmente através de uma banda que caracterizou e definiu a identidade punk, os Sex Pistols. Os Sex Pistols foram a personificação para o mundo do estilo punk, tanto na cena musical, como na atitude e no comportamento do individuo que se denominava punk.
Essa banda erradicada na periferia da Inglaterra nos idos de 1975, formada por jovens delinqüentes e desempregados que estavam fartos da política situacionista da terra da rainha, que nada resolvia, da onda de lixo e luxo que Londres se encontrava e sobretudo do marasmo cultural que já não satisfazia essa geração oca (blank generation), foram os representantes e os pioneiros desse segmento, desse sub-produto bem mais agressivo do rock.

Eles se tornaram celebres em fins de 1976, quando, num programa da BBC-TV, bombardearam os lares britânicos com sonoros palavrões. Em suas letras, roupas e gesticulações, ninguém corporificou melhor o espírito punk do que Johnny Rotten e Sid Vicious. O vazio existencial de toda uma geração, seu desprezo pelos valores estabelecidos, é evidente numa de suas canções mais conhecidas, Pretty Vacant; “We’re so pretty/ oh so pretty vacant/ and we don’t care”. Em suma: “Somos vazios e estamos nos lixando”.[8]


O espírito punk estava de fato nas letras, no estilo e no visual dos Sex Pistols, e eles começaram a difundir esse estilo de vida por onde passavam. Bivar, escreve “...Em pouco tempo, onde quer que se apresentem, os Pistols vão causando surpresas e abrindo cabeças.”[9] . Suas idéias de mudança e suas músicas giravam em torno da anarquia, como é o caso do seu primeiro albúm, Anarchy ín the U.K.
Essa música célebre da banda Sex Pistols de 1973 foi o símbolo da revolta dos jovens para com a política e o contexto histórico que a Inglaterra se encontrava. Ela vai de encontro ao conservadorismo que permeava a maioria da idéias da população, conservadorismo simbolizado e representado pela rainha Elizabeth e sua política situacionista, e depois também pela figura da ministra Margareth Thatcher, conhecida como a dama de ferro da Inglaterra.





Os Sex Pistols ficariam mundialmente conhecidos por canalizar a anarquia e a revolta em suas letras. O neoliberalismo e o conservadorismo britânico em sua política elitizada, excluíam as massas proletárias, geravam preconceito para com os negros e deixavam os jovens, principalmente, sem uma perspectiva de futuro em relação a um emprego remunerado.













Figura: 01 Apresentação da Banda Sex Pistols, Londres, 1975.
A música punk foi a resposta em forma de protesto a essa política neoliberalista e capitalista que excluía principalmente os jovens. Ela prevê a eminência da desordem civil e moral que a juventude tomaria como bandeira, fazendo dessa desordem um estilo de vida, uma representação de um grupo social na luta de classes.
Os Sex Pistols também foram os responsáveis pelos maiores tumultos, confusões e intrigas envolvendo a sua música, a mídia e a política conservadora da Inglaterra. Outro álbum polêmico do grupo e que feriu o sentimento de patriotismo da maioria dos britânicos e foi logo notícia nos jornais e rádios foi God Save the Queen de 1975.
Quando a rainha Elizabeth estava prestes a completar o jubileu de seus vinte e cinco anos de reinado, o compacto God Save the Queen com muito sarcasmo e ironia homenageava a rainha com protestos verbais cantados nas rádios, fazendo com que a banda atingisse o primeiro lugar no top dos hits mais tocados do momento, mas logo foi censurada e a banda teve algumas apresentações proibidas, pois a letra e a capa do disco eram considerados ofensivos ao orgulho patriótico do povo britânico.


















Figura 02: Capa do álbum “God Save The Queen”, 1975.

Em sua tradução a letra diz: “Deus salve a rainha e seu regime fascista, ela não é um ser humano e não há futuro na Inglaterra”. A letra da música atacava diretamente a rainha e conseqüentemente o povo sobre o qual ela reinava. Ela denuncia o caos, a crise e o desemprego que os conservadoristas tentavam encobrir com as festividades do jubileu da rainha Elizabeth. A música refletia apenas uma parcela da realidade do momento que as instituições e a mídia tentavam tapar com comemorações cívicas e reais.
A partir de seus shows, suas performances e visual, uma identidade geral foi se consolidando ainda mais. E a indumentária desses indivíduos foi um dos aspectos mais relevantes dessa identidade.
No plano da indumentária, os punks favoreceram roupas justas e esfarrapadas. Segundo a sua mitologia, foi de um rasgão de jeans que nasceu o emblema do movimento: o alfinete de fralda. Da roupa, estes alfinetes se estenderam pelo corpo, transformaram-se em enfeites, e em alguns casos, foram colocados nas orelhas e bochechas dos punks, transpassando a carne. Giletes, cruzes gamadas e suásticas foram outros adornos favoritos, complementados por cabelos eriçados tingidos em cores berrantes (verde, roxo, laranja) – uma programação visual de deliberado mau gosto, feita para agredir.
Foi por essa aparência agressiva que os punks muitas vezes foram estigmatizados como marginais. Pois em suas indumentárias haviam objetos cortantes, correntes, que durante as confusões, brigas, eram usadas deliberadamente.














Figura 03: Punks pelas ruas de Berlin

Uma forma de entender o estigma que se criou em torno da identidade punk pela sociedade – e não só a sociedade conservadora – pode ser encontrada nos conceitos sociológicos de Émile Durkheim, em sua maneira de ver a sociedade como um organismo que precisa ser mantido sadio.
Apesar de os conceitos de Durkheim já terem sido, muitas vezes, revistos, é certo que a sociedade que ele pensava – aquela que necessitava achar uma ordem para evitar revoluções – era capitalista e excludente, reservando a largos setores da população o desemprego e a miséria. A sociedade da qual o punk emergiu guarda semelhanças com esta. A ideologia punk seria uma espécie de anomalia a prejudicar o bom funcionamento desse organismo.
Durkheim, pensador conservador do século XIX e início do século XX, propunha que se pensasse a sociedade como dependendo de um sistema de valores que pudesse mantê-la coesa e evitar a revolução. Os valores conservadores seriam, então, a pedra angular do edifício social e o bom funcionamento do mesmo dependeria da manutenção desses valores, eliminando as anomalias que pudessem enfraquecê-lo[10].
A sociedade capitalista, com seu modo de funcionamento e seus valores fez surgir o punk, como movimento social e musical. O sentimento de revolta contra essa sociedade foi percebido pela mesma como uma ameaça ao edifício social, de resto injustificada, já que para aqueles que estavam ao abrigo do edifício, ele não parecia nada injusto.
As características do vestuário punk foram as mesmas que ficaram conhecidas no Brasil, quando o fenômeno punk rock eclodiu na década de 80. Punk é punk em qualquer lugar do mundo, mas os punks brasileiros tiveram uma identidade própria, um motivo próprio para ser, além das influências londrinas, influências que vinham de fora.
O mesmo tipo de sociedade que fez eclodir o movimento punk na Inglaterra o fez no Brasil também. Embora tenha tido suas especificidades, as características como o vestuário e as atitudes mostram que havia mais semelhanças que diferenças entre ambas.
Os mesmos problemas sociais geraram uma resposta parecida. O mesmo tipo de sociedade que excluía os jovens britânicos excluía os jovens brasileiros, e aqui, como lá, não havia lugar para eles ao abrigo do edifício social que a boa sociedade defendia. A anomalia, embora de curta duração, provocou mudanças e atitudes que resistem ao tempo.

ANOS 80: O PUNK NO BRASIL

No Brasil, o punk rock chega pelo ano de 1980. Pode-se dizer que este fenômeno teve influência de fora, da cena londrina e também de fatores internos que propiciaram essa manifestação; dentre os principais, o desemprego e a má remuneração daqueles que tinham um emprego.
O cenário foi a cidade de São Paulo e depois também Rio de Janeiro. Nela tem-se acesso a um número maior de informações e só dela, no Brasil, poderia ter surgido um movimento de rebeldia jovem urbana, como é o caso do punk.
A respeito dessa identidade local, Bivar justifica:


A rebelião punk de São Paulo não é uma cópia importada do punk de fora, mas uma identificação adaptada à realidade local. Quando algum estranho ao movimento alega que a música é copiada de Londres, ele obtém respostas como a de Zorro (do grupo M-19): ‘ Se fôssemos tirar de circulação todas as músicas que sofreram influências estrangeiras, teríamos que começar pelo samba, que tem o afro em suas raízes.[11]

Assim, segundo Bivar, pode-se dizer que a manifestação punk no Brasil foi fruto do próprio ambiente, o próprio meio proporcionou essa explosão de rebeldia entre os jovens.

O movimento punk começou em São Paulo assim, que, da Inglaterra, a coisa explodiu para o mundo. Depois que a imprensa parou de noticiar e que o punk deixou de ter o charme do modismo, o movimento foi crescendo naturalmente nos subúrbios”[12]

Assim que os jovens tinham acesso aos tão raros Lp’s ou fitas K7’s e percebiam que o som era simples, direto e fácil de imitar e que eles também podiam fazer, montavam suas bandas e ainda que precariamente faziam sua músicas, colocando em suas músicas o seu protesto, a sua insatisfação, desobediência e contestação de acordo com a realidade que viviam.
O punk rock surgiu numa época de crise e desemprego, com tal força, que logo espalhou-se pelo mundo. Cada um dos jovens, à sua realidade, adotou o protesto punk, externação de um sentimento de descontentamento que já existia atravessado na garganta de uma certa ala jovem, das classes menos privilegiadas do mundo.
Em essência não existe diferença entre a ideologia do movimento aqui ou em qualquer lugar. Os punks não consideram o movimento uma coisa nacionalista (ou nacionalizante), mas internacional. O movimento manifesta sua rebeldia já a partir do uniforme (tudo preto: o blusão de couro, o jeans, o tênis ou o coturno; os botões com emblemas dos grupos e das gangs), do comportamento agressivo, (muitas vezes associado ao submundo do crime pelas autoridades e instituições), pela música contestatória e acelerada, seca e ensurdecedora..
O punk rock nos anos de 1980 mostrou-se mais vigoroso e implacável, com o seu legendário lema: Punk’not dead, depois de quase ter sido sufocado e silenciado pela “nem wave’, a nova onda de uma diversidade de ritmos, visuais, estilos, enfim, tudo que podia ser vendido. Mas nessa “ressurreição”, o punk veio com força total e espalhou-se ainda mais até aterrizar alguns de seus elementos no Brasil e germinar na forma de Movimento no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Janice Caiafa, etnóloga que conviveu três anos junto do movimento no Rio atesta sobre seu surgimento silencioso:

O Movimento Punk, no Rio, surgiu contemporâneo à reativação do rock na cidade, há três anos. Foi quando bandas se formaram e as casas de espetáculos se abriram para esse tipo de som. O Movimento tomava impulso, em outro lugar – no silencio, na distãncia, na rebeldia dos becos suburbanos. Ele se fazia de outro modo, longe da banalização que foi uma inflexão bem marcada nesse ressurgimento do rock no Rio. Quem esteve nos shows que aconteceram desde fins de 82 até recentemente viu o que uma atuação punk pode deflagrar: desobediência, interferência, intensidade.[13]


A violência estava na própria música, no ritmo, nas letras, na forma com que ela era cantada e executada e também na sua dança, o pogo, conhecido quebra-osso. Por sua agressividade, o punk rock foi visto como um estilo de música de um grupo de indivíduos violentos, pois o punk rock destoava de todos os outros gêneros musicais existentes até então, ele era simples e direto, denunciava a vida assim como ela era para aqueles jovens, dura, nua e crua, e esta vida refletia na realidade cultural, no próprio estilo de música que era criado.
O punk rock brasileiro tinha aspectos próprios e parecia até mais agressivo em certos segmentos que o londrino. Seus signos e símbolos são os mesmos que os “de fora”, mas sua interferência e intensidade parecem mais intensas.

Eles falam do fim do mundo, agem e sabem que não há futuro. Ostentam signos de choque na roupa e na pele (alfinetes no rosto, suásticas, braceletes de pinos e pregos). Provocam atrito com tudo que os cerca, sobretudo no Rio, em que uma situação de beira-mar e sol faz vigorar como norma o riso fácil e uma suposta “descontração”. O que eles mostram é um outro funcionamento da cidade, que eles anunciam e usam em seu protesto.[14]

Esses punks brasileiros eram jovens pobres entre 15 e 22 anos e se deslocavam em bandos. Não é somente o visual que os unia, mas, sobretudo a atitude, eles tinham a inquietude. É a inquietação que os distinguia, ela foi a sua marca. E pelo fato de andarem em bandos (sem líder), eram vistos como gangs perigosas armadas pela sociedade. Os punks brasileiros diferem dos punks londrinos que tinham a violência destrutiva em seus aspectos e atitude. É claro que havia brigas quando provocados. Sobre a violência dos punks nos anos de 1980, Janice Caiafa explica como ela acontecia nesse grupo.

Mas a questão da violência é mais complicada entre os punks, e é algo constantemente presente no funcionamento do grupo de diversas maneiras que é preciso detalhar. A agressão das pessoas em geral contra esse bando é intensa e freqüente – de como pude sentir o grande perigo que é enfrentar o mundo desse jeito e nesse grau de exposição, como é possível sentir-se segura entre eles, o coletivo que se produz garante e protege.[15]

Existia entre eles um espírito muito forte de grupo, uma fraternidade que os unia e ia além da aparência, da roupa que trajavam, do corte de cabelo, da música que escutavam. Por serem de uma mesma classe social, pobres e desempregados e sofrerem todos a mesma exclusão, sentiam-se mais unidos por partilharem da mesma condição e terem as mesmas idéias, os mesmos princípios e os mesmos objetivos. A condição social que se encontravam fortalecia o espírito de grupo.


A POLÍTÍCA DO PUNK


Um grupo social ou movimento de massas de protesto, oposição ou resistência, geralmente pende para um partido político, facção ou corrente política. Ao associar-se a uma manifestação política, esse determinado movimento ou grupo acredita-se mais forte, mais compromissado, pois seu ideal encontra nessa política as bases seguras para firmar-se e desenvolver-se com mais segurança.
A música punk também teve sua política, sua manifestação ideológica e suas idéias encontraram repouso na política do Anarquismo, ou seja, a Anarquia. Mas esta Anarquia não era propriamente uma (a) política institucionalizada. A Anarquia punk era despolitizada, porém, bem fundamentada, expressa na filosofia do-it-yourself, contra o “Sistema”, o alvo principal.
Conforme salienta Janice “Destruir o sistema: isso é unânime. O sistema é tudo aquilo que produz sofrimento com suas mentiras e enganos. Recobre uma extensão que quase inclui o planeta”.[16] Os punks adeptos desta anarquia despolitizada talvez não fossem leitores de Proudhon, Kropotkin, Bakunin e outros teóricos do Anarquismo, mas em essência, manifestavam ideais semelhantes no quesito do protesto, da rebeldia, da contestação e da resistência.
Os punks encontraram na política da Anarquia o que precisavam. De acordo com seus princípios transformaram a Anarquia na arte da revolta e ela estava presente em toda a identidade punk, desde a indumentária, dos bótons e cintos onde o A resplandecia como símbolo máximo, nos fanzines e panfletos alternativos que circulavam nos póints do Rio de Janeiro, São Paulo, e recentemente em algumas cidades do Paraná como Londrina, nas letras agressivas e contestadoras das músicas e também no comportamento punk, principalmente na atitude. A principio, para os punks, negar a autoridade ou lutar contra ela, era já praticar a Anarquia. Este era o conceito de Anarquia que circulava entre os punks, em suas músicas, fanzines e periódicos que produziam, espalhando entre o grupo suas idéias, o seu protesto.


Figura 04: NETO, Nécio Turra. Enterrado Vivo: identidade punk e território em Londrina.
Editora UNESP, São Paulo, 2004. P. 150.

Ser anarquista para o espírito punk é negar a autoridade, é negar o sistema, ser contra o sistema. E os punks identificavam-se entre si, por além da música, terem como demonstra o periódico acima, um consenso entre indivíduos de um mesmo grupo cujo pensamento é contrario a autoridade, e que lutam coletiva e isoladamente contra toda a disciplina e repressão, sejam elas políticas, econômicas ou morais.
Com essa adesão à anarquia despolitizada praticada nas ruas e nos encontros, nas aglomerações ou shows de punk rock, os punks ficariam conhecidos como baderneiros, encrenqueiros e violentos marginais.
A palavra Anarquia com os punks teve um significado amplamente “pejorativo”, ficando conhecida como sinônimo de bagunça, baderna, desordem. Essa é a representação dos punks para a sociedade. Um bando de marginais proletários, ocupados em fazer nada além de desordem cívica e moral.
Uma ameaça institucionalizada, vinda da margem, uma afronta à harmonia e ao desenvolvimento social. Índios urbanos, selvagens periféricos, eles estavam prontos para agir, seja a ocasião qual ela for. E a ocasião no momento era o “Sistema”.

Os punks localizam por vezes o “sistema” na figura de um grande segmento, como o Governo, uma empresa ou uma organização mundial. Rede Globo é sistema. FMI é sistema. Reagan é sistema. Esses são alguns endereços que eles dão para a sensação disseminada de que se está cercado: “não consigo entender”, a única coisa certa é a situação de opressão. O sistema é responsável por essa penúria que se vive, o inimigo qualquer que está por toda parte. É na identificação dessa noção que se organiza o alvo de sua ira. Quando o punk diz “acabar com o sistema”, o vago dessa idéia lhe basta e se articula com seu ódio total e sua atitude de atirar a esmo para todos os lados, sem preservar nada. Destruir o sistema, isto é, explodir com tudo. E ao mesmo tempo denunciar que tudo está por explodir. Guerra por toda parte, guerra total, guerra pura. Então mais guerra ainda, ou outra guerra ainda, embora se possa usar bastante dessa guerra total (no que as máquinas-de-guerra se emprestam estratégias). Por exemplo, o estado de guerra permanente, a ameaça, o horizonte negro do conflito final. Aproveitar isso tudo: a violência da destruição, a desolação do pós-guerra. Usar o sistema contra o sistema. Usar o inimigo.[17]


E o alvo sistema permeava unanimemente quase todas as letras de músicas das bandas. O sistema era o motivo maior, o inimigo, o motivo real para protestar, para dar cadência e agressividade a música. O sistema era o responsável pela ira com que as músicas eram escritas e executadas, tanto em Londres como aqui no Brasil.
Exemplo de canção:

Not many ways to get
What you want?
I use the best
I use the rest
I use the enemy
I use anarchy.


Qual a melhor forma
Para se conseguir o que se quer?
Eu uso melhor
Eu uso o resto
Eu uso o inimigo
Eu uso a Anarquia.
(“Anarchy in the UK”, Sex Pistols, 1973)[18]














Figura 05: The Filth and the Fury - A Podridão e a Fúria - Sex Pistols Documentário – 2000.

Na tradução do verso da música Anarchy in the U.K, da banda britânica Sex Pistols 1973, podemos perceber como é entendida a anarquia: “qual a melhor forma pra se conseguir o que se quer? Eu uso o melhor, eu uso o resto, eu uso o inimigo, eu uso a anarquia”. A anarquia estava antes de tudo na música, no ritmo, nas letras, no vocal e nos acordes rápidos e agressivos.
A anarquia, além de se apresentar característicamente na atitude estava no próprio corpo dos punks. Na indumentária agressiva, no visual escarnecedor, no corte de cabelo e nos adereços que permeavam o corpo.

O inimigo está inscrito no corpo. A ação do bando (a roupa negra, os cabelos espetados, os pregos, o corpo furado, as correntes, a dança violenta, o som rápido e seco) reencena todo o perigo, ritualiza com todos os signos agravando-os. O corpo é o suporte da violência no instante dessa atuação. Violência do sistema, violência contra o sistema, a estratégia é assumir o inimigo para destruí-lo. É na sua ação que tudo se expressa, ali tudo se resolve. Isso se articula como fato de o punk não professar nada, não defender nenhuma causa – rebate tudo sobre a superfície de sua atuação, sem recurso a nenhuma outra instancia que seria depositária de uma crença ou posição. Por ai se organiza sua atitude “anarquista” ou “ pró-anarquista”.[19]

A música punk tanto onde ela nasceu (Londres), assim como também onde se desenvolveu (Brasil), foi sempre tido como uma ameaça social. Quem via de fora, julgava de antemão o grupo como delinqüentes, vadios, drogados, desordeiros (anarquistas), enfim, tudo que não prestava. O preconceito social contra os punks era sempre presente onde houvesse uma de suas atitudes ou apresentações. A mídia e os telejornais foram os principais responsáveis para que o movimento musical degenerasse e progressivamente ou parcialmente acabasse. As notícias sempre mostraram o lado violento do mundo do punk rock.
A mídia em suas divulgações sempre distorceu os ideais de resistência e luta pela dignidade de uma vida melhor que os punks anunciavam com o do-it-yourself, faça você mesmo em suas músicas. O lema é incisivo; comece você mesmo a fazer a mudança, não espere decisões políticas mudarem a situação de uma hora pra outra. Mas como representação social, os punks foram pra sociedade o que de pior poderia existir.
A emissora Rede Globo fez a cobertura “imparcial” do evento “Começo do Fim do Mundo” que aconteceu em São Paulo no ano de 1982 focando apenas a violência, depois mostrou no programa Fantástico uma versão totalmente distorcida e sensacionalista, dizendo que o objetivo do movimento e da música punk antes de tudo era a violência. Era o fim de tudo.

Atualmente, o que resta do punk são apenas os acordes nas músicas, porque as bandas que se dizem punk, não passam de filhos de diplomatas. Restam alguns grupos que ainda seguem o movimento, porém, a mídia nos fez esquecê-los.[20],

O punk rock no Brasil representou uma revolução musical no cenário do rock nacional e serviu como influência para muitas bandas que viriam depois e que continuam até hoje, tais como Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Ira e muitas outras que não tocam nas rádios por serem alternativas, não terem espaço e por não terem sucesso, por não estarem na mídia. Foi uma renovação para o rock, que durante o período militar teve seus temas censurados e a maioria das músicas proibidas de serem executadas.
As temáticas nessa época ficavam restritas a coisas triviais que iam um pouco além da bossa-nova com seus temas tropicais, enquanto a cena política social e moral era motivo de escândalo, motivo para se tomar alguma atitude diante de toda a desordem e falta de perspectiva econômica e cultural.
O fato lamentável foi que a mídia não tolerou a música punk rock, nem quem a fazia e nem quem a escutava, por ela denunciar as irregularidades de um país e também por não fazer o jogo que a mídia exige. Assim a música punk rock nunca foi vista como cultura, como música propriamente dita, tendo-se preconceito até hoje em dia onde ela é executada, seja saindo de alguma velha fita cassete de um rádio portátil ou de alguma simples guitarra variando a melodia em apenas três básicos, rápidos e agressivos acordes.
Como se pode perceber, o grupo marginal no Brasil também sofreu os preconceitos da sociedade estabelecida, com seus costumes e seus valores morais.
O grito punk, enquanto um grito de protesto contra as estruturas sociais capitalistas, como já afirmamos, não pode ser comparado a outras manifestações de oprimidos que existem ao redor do mundo. É uma coisa única, porque visa derrubar a ordem vigente não para construir uma outra, que julga melhor, mas destruir pura e simplesmente para que ela deixe de existir.
No processo de derrubar a estrutura social que se apresenta, a destruição se mostra necessária e total, inclusive para eles mesmos. Esse é o principal diferencial da “ideologia” ou da “política” punk. É isso que faz com que a sociedade não aceite dialogar com ela – e não estamos falando dos modismos que vêm e vão, proporcionando os “punks de vitrine”.
Se foi possível tolerar a existência de pensadores como Proudhon, Kropotkin e mesmo Marx é porque eles propunham uma nova forma de sociedade que deveria brotar da superação dos ideais capitalistas. É sempre possível politizar – e de resto esses pensadores são politizados – quem se propunha modificar o sistema dialogando com ele, mas como a “boa” sociedade dialogaria com quem se propunha simplesmente destruí-la?
A anomalia, que é sempre bom lembrar, nasceu dos defeitos e exclusões sociais do próprio capitalismo, foi curada pela ignorância. Embora o punk seja um movimento vivo e instigante ainda hoje, o organismo social o trata como uma anomalia curada, suportável, mas sem espaço nas preocupações dos políticos, da mídia e dos “homens bons”.










REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BIVAR, Antônio. O que é Punk? São Paulo: Editora Brasiliense, 1982. 118 páginas.

COSTA, Caio Túlio. O que é Anarquismo. Editora Brasiliense: São Paulo – SP, 1980, 120 páginas.

CAIAFA, Janice. Movimento Punk na cidade: a invasão dos bandos sub. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. pág. 11.

DURKHEIM, Émille. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Editora Abril Cultural, 2a. edição, série “Os Pensadores“. Seleção de textos de José Arthur Gianotti. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura et al, 1983.

FREIRE, Roberto. Ame e de Vexame. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1990, 235 páginas.

Jornal Cidade Humana. 2008, pág. 06. O dia em que a humanidade teve uma chance. A.M. Kysuko.

Revista ISTO É. 1994, pág. 06. O divã Anarquista - Roberto Freire.

REICH, Charles. O Renascer da América. Rio de Janeiro. Editora Record, 1970, 305 páginas.

RODRIGUES, Edgar. Os libertários: Idéias e experiências anárquicas. Editora Vozes; Petrópolis – RJ, 1988, 145 páginas.

SANTOS, Hugo. Sid Vicius: o espetáculo punk. Editora Brasiliense, São Paulo, 1985, 94 páginas.

MUGGIATI, Roberto. O grito e o Mito. Editora Vozes. Petrópolis, 1981, pág 150.

McNeil, Legs, McCAIN Gillian. Mate-me por favor. Tradução de Lúcia Brito. Editora L&PM, 2004, 307 páginas.

NETO, Nécio Turra. Enterrado Vivo: identidade punk e território em Londrina. Editora UNESP, São Paulo, 2004. P. 150.

[1] Aluno de graduação do curso de História da UNICENTRO – Campus de Irati – PR.
[2] MUGGIATI, Roberto. O grito e o Mito. Editora Vozes. Petrópolis, 1981, pág 150.
[3] BIVAR, Antônio. O que é Punk? São Paulo: Brasiliense, 1982. Pág.33.
[4] Apud NETO, Nécio Turra. Enterrado Vivo: Identidade Punk e território em Londrina. São Paulo: Unesp, 2004. pág. 56.
[5] BIVAR, Antônio. Op. cit. pág. 35.
[6] Revista ISTO É. 1994, pág. 06, O divã Anarquista - Roberto Freire.
[7] MUGGIATI, Roberto. Op. cit. Pág. (?)
[8] MUGGIATI, Roberto. Op. cit. pág. 112.
[9] BIVAR, Antônio.Op. cit. p. 45.
[10] Ver: DURKHEIM, Émille. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Editora Abril Cultural, 2a. edição, série “Os Pensadores“. Seleção de textos de José Arthur Gianotti. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura et al, 1983.
[11] BIVAR, Antônio. Op. cit. pág. 112.
[12] BIVAR, Antônio. Op. cit. pág. 19/20.
[13] CAIAFA, Janice. Movimento Punk na cidade: a invasão dos bandos sub. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. pág. 11.
[14] CAIAFA, Janice. Op. cit. pág. 14/15
[15] CAIAFA, Janice. Op. cit. pág. 83
[16] CAIAFA, Janice. Op. cit. pág 83.
[17] CAIAFA, Janice. Op. cit. pág. 94
[18] Tradução da música Anarchy in the UK”, Sex Pistols, 1973.
[19] CAIAFA, Janice. Op. cit. pág. 95.
[20] Jornal Cidade Humana.Irati 2008, pág. 06. O dia em que a humanidade teve uma chance. A.M. Kysuko.