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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Chevy 50




Na beira da estrada
encosto a pick up, não quero tomar nenhum drink
apenas conversar com alguém
que não seja conhecido, qualquer estranho,
que sei que nunca mais encontrarei novamente.
É verão, fim de tarde quente
e o vento traz a paz das flores das árvores
estou muito longe de minha família
um jovem de poucas palavras e cara de poucos amigos me serve uma soda
vem uma garota pela rua, tão jovem que nada sabe da vida
é verão, tarde mansa, vento lateral
braços e pernas de fora,
garota tatuada, tão jovem e nada sabe de mim
caminha pela rua, eu me contento em olhar
e lembrar que tenho muita estrada pela frente
ela passa eu não me contento apenas em olhar
comento com o rapaz que está indiferente e absorto em seu trabalho
garota tatuada em plena calçada de lugar nenhum
entro na camionete, ligo o motor
o rapaz apenas me diz com seriedade,
ela não vale nada
vou embora...
confio apenas no motor.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Nau a deriva

Eu num barco furado
Tapando com as mãos os buracos
E o sol com a peneira.
Náufrago e com a boca seca
Embora tanta a água para umedecê-la.
Desidratado e com poeira em minhas rugas
Ressecado pelo tempo
e maltratado pelos quatro elementos.
Com as calças caindo
e as mãos ocupadas.
Com vontade de fumar
e de comer uma mulher.
Mas é só a imensidão que prevalece
E a costa-oeste em pensamentos.
Acabar assim fodido num barco furado
E com vontade de ter algum prazer
Antes de ficar zoado para sempre.