O frio sempre tiritante
As roupas nunca suficientes,
Os sapatos sempre precários
A neblina mantendo o frio permanente
Sempre mais pra baixo
O estrume quente dos cavalos
Nas balancinhas da carroça
As narinas fumegantes dos bichos puxando a carroça
O bafo quente e selvagem
Pasto mastigado nos cantos dos freios
Verde mate, verde chimarrão.
Estamos no sul, muito ao sul do sul desses pais
Somos colonos, lavradores, nos moldes medievos
A agricultura rudimentar, de nossos avós, tataravós, os eslavos
Ainda usamos suas ferramentas
Arados, carpideiras, grades, aterradores, tração animal
Manivelas, foices, enxadas, machados, ceifas, tipe e cambal
Quanto sangue, quanto sonho, quanto suor se derramou
Pelos cabos dessas ferramentas
Quanta luta, quanto sacrifício, neste sofrido oficio
De tirar do ventre da terra o sustento dos filhos
Assim nascemos,
Assim morreremos.
Com esta terra embaixo das unhas.
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