Acredito que, em todo
percurso, Vitório Arráia tenha usado técnicas das mais variadas
procedências: hipnose, persuasão, jogo de linguagem, carisma,
simpatia. Estava predisposto, inclusive, a fazer uso do
famigerado "boa-noite Cinderela", se preciso fosse. Logo
após o acontecido do estupro trouxe-nos chocolates e preservativos,
e como já era um ritual habitual, acendeu o cigarro no canto da boca
enquanto falava. Era incrivel o controle que ele tinha sobre todas as
situações, o eterno equilibrista sobre a torre de Paris, não
tremelicava, não blefava mesmo que estivesse blefando, sínico e a
frio mantinha as mãos sempre ternas de uma paz celestial e de um
brilho translúcido, era o cordeiro em pele de lobo, era um demônio
suavizado. Impossivel não amar Vitório.
Vitório seguia a risca
uma máxima tradicional nitzchzeana, que o verdadeirto homem quer
duas coisas, jogo e perigo, por isso escolhe a mulher, o mais
perigoso dos jogos. Com seus suéteres de fio canadense e mocasins
baratos, e sua permanente tríade, noite, bebida e mulher.
Por Henry Claude Stelmarsczuk
Do Livro dos Métódos
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