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quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Casamento Polônes











O Casamento Polonês
O local e a data - A festa do casamento era feita na casa dos pais da noiva, num dia de sábado. Em décadas anteriores, o casamento era celebrado na segunda-feira e não no sábado. Para marcar o casamento, era preciso pensar em contratar uma cozinheira ( kucharka ) com seus tachos e talheres, uma bandinha de música ( musykanti ), o padre ( ksiads )... algo que tinha que ser feito com uns dezoito meses de antecedência. Marcada a data com esses três profissionais, então era hora de ir convidando o casal coordenador da festa ( druzba e druzbina ), os padrinhos e madrinhas , os condes e as damas ( sfat e druszka ). O convite geral era dirigido para os familiares e vizinhos; na prática, a colônia toda era convidada.


A Cozinheira - Prevendo alimentação para mais ou menos 500 pessoas por dois a quatro dias, a cozinheira se alojava na casa da noiva já na segunda-feira, quando encaminhava a arte culinária da semana. Na década de 1960, poucas casas tinham energia elétrica. Na terça-feira, ela assava as bolachas de mel com decoração colorida feita à base de glacê e açúcar. Na quarta-feira, ela cozinhava a cerveja caseira ( piwo ) e a gengibira, mais doce. Na quinta-feira, assava as broas ( chleb ) e o bolo da noiva ( kolacz ) e preparava a geléia de porco ( zimne nogi ). Dois ou três porcos eram abatidos pela manhã, tarefa que todo colono sabia fazer; já para matar o boi previamente engordado, era necessário chamar um açougueiro que possuía os apetrechos adequados. Na sexta-feira, dia em que os condes e as damas vinham para ornamentar o ambiente, a cozinheira se ocupava em preparar os frangos; o frango caipira tinha que ser novo e era doado pelos convidados ao casamento. Os pernis suínos eram assados no forno. Eram fritados os bolinhos de carne ( klopse ) e os sonhos. O açougueiro esquartejava a carne do boi. No sábado pela manhã, a cozinheira assava os frangos. Um grupo de mulheres fazia a maionese de batata e ovo, cozinhava o arroz, preparava as saladas de cebola e tomate. Numa grelha montada especialmente para a ocasião, vários homens se encarregavam de assar o churrasco. A refeição principal era servida pelas 15 horas, pois a cerimônia religiosa era oficiada na igreja pela manhã ou no mais tardar pelas 14 horas.

A despedida - os pais dos noivos não iam ao casamento religioso na igreja, pois eles estavam ocupados com a festa. Quem acompanhava os noivos na viagem à igreja eram os padrinhos, os condes e as damas. A noiva se trajava em sua própria casa, com o auxílio de uma pessoa da família que sabia vestir a noiva ( staroscina ). Por isso, havia o rito da despedida ( renkowiny ) dos noivos de seus pais. Nesse rito, eram declamados poemas e orações, intercalados por músicas religiosas. Por três vezes, de joelhos, os noivos pediam a bênção dos pais e estes, chorando, lhes impunham as mãos sobre a cabeça e traçavam o sinal-da-cruz. O druzba, falando em nome dos pais da noiva, dizia: "Nossa filha sempre foi tratada como rainha; se por acaso ela não servir para você, caro noivo, traga ela de volta que aqui ela será tratada sempre como rainha!" No final dessa cerimônia familiar, a staroscina jogava balas para os convidados e o druzba servia vodka para os homens e licor para as mulheres. Os sfaty eram encarregados de comprar os foguetes e os cigarros e charutos que eram colocados em caixas de sapato ornadas com papel crepom desfiado. Cada convidado de honra recebia pregada na roupa uma flor, que era de cedro verde com um lacinho de fita colorida. Para cada categoria de convidados (pais, padrinhos, sfaty, druzba) havia uma flor diferente. Alguns dias depois do casamento, os noivos iam para a cidade para a foto do casamento; a noiva se vestia de novo e então era feito o retrato. Não havia fotógrafos no dia do casamento, muito menos câmara de vídeo.

O matrimônio - de carroça puxada por uma parelha de cavalos, ou de perua rural, os noivos se dirigiam até à Igreja. Havia flores de crepom penduradas no arreamento dos cavalos, nos fueiros ( konica ) das carroças, e, mais tarde, nas maçanetas dos automóveis. O matrimônio era celebrado dentro da liturgia da missa. Nessa época, a missa mudou do latim para a língua vernácula. O casamento era celebrado em polonês, dado que todos conheciam a língua. O Concílio Vaticano II instituiu a equipe litúrgica que ajuda o padre a celebrar a missa; as tarefas litúrgicas cabiam a alguns membros da família dos noivos. O casamento civil ( slub cywilny ) era feito alguns dias antes ou depois do casamento religioso, na mais discreta singeleza; iam ao cartório apenas os noivos e dois testemunhas, que também podiam ser qualquer pessoa encontrada nas imediações do cartório.

Os arcos - terminada a cerimônia religiosa, o séqüito viajava para a casa da noiva. No trajeto, os foguetes sinalizavam em qual parte do trajeto os noivos se encontravam. Nas estradas de chão batido, se chovesse, a carroça demorava mais, mas era mais seguro para ir e voltar, pois o jipe, a rural ou a caminhonete freqüentemente encalhavam no barro. Nas principais encruzilhadas, desde o dia anterior estavam montados arcos ( bramka ), com duas taquaras verdes e enfeitadas com flores coloridas de crepom. O arco principal ficava na entrada da casa onde seria a festa. Os convidados para o casamento não iam para a igreja, mas calculavam o tempo para chegar na festa antes de os noivos chegarem da igreja. O druzba e a druzbina recebiam os convidados com um aperitivo, recolhendo os presentes para os noivos, que eram panelas, talheres, ferramentas, quadros religiosos e até guarda-chuva.

A festa - Enfim, a festa vai começar. Tão logo chegavam da igreja, os noivos serviam o bolo ( kolacz ) para os convidados. Os sfaty serviam - de novo - vodka e cigarros para os homens; as druszki distribuíam balas para as mulheres e crianças. Então, aos poucos os convidados se sentavam à mesa; as mesas eram montadas no paiol. A tarefa dos sfaty era servir a carne e a cerveja, enquanto as druszki serviam a comida. Como o espaço não era muito grande e eram poucos os pratos e os talheres, era necessário servir em duas a quatro mesadas.

A dança - terminada a comilança, as mesas eram rapidamente desmontadas para a dança. O paiol se transformava na pista de dança ( boisko ), que era enfeitado no teto com taquaras verdes e flores de papel e galhos de cedro pregados nas paredes. No início, o druzba dançava com a noiva ( wywodziny ) e a druzbina dançava com o noivo. Então os noivos passavam a dançar juntos. Druzba e druzbina dançavam com cada um dos pares de condes e damas, até o último casal. Daí a dança ficava livre até o amanhecer do dia. Cada pouco, alguém gritava: Viva os noivos! ( Niech zyja nam! ). Cada conde tinha o direito de realizar um szimango, isto é, se normalmente o rapaz tirava a moça para dançar, no chimango era a moça que podia tirar o rapaz. O chimango era sinalizado por um lenço branco pendurado num aro ao lado do abajur/globo ( kwiat ) principal do boisko.

A música - as bandinhas musicais da época utilizavam o violino, o acordeão, o clarinete, o baixo ( basy ) e o bumbo. Como não havia energia elétrica e nem amplificadores de som, o melhor clarinetista era aquele que conseguia soprar com mais força no seu instrumento. As bandinhas eram familiares - pai, filho, genro, cunhado. Na Colônia Dom Pedro II eram famosos os Halerz; na Colônia Cristina, o Wojtek Olbrech e seu conjunto. As músicas de maior sucesso era um xote ( Sokola ), uma marchinha ( Na Zielonem Gaju ) e uma valsa ( Sla Dzieweczka do Laseczka ). A Rádio Cambijú de Araucária-PR, hoje Rádio Iguaçu, cedia espaço para que essas bandinhas se apresentassem na rádio aos domingos; quando surgiu o gravador de cassete portátil, as músicas eram gravadas no casamento para serem reproduzidas na radioemissora. É famosa até hoje (ano 2003) aos domingos à tarde a Hora Polonesa ( Godzina Polska ) na Rádio Iguaçu, que pode tocar os CDs de música polonesa de algumas bandinhas remanescentes como: Celso Taborda, Grupo Musical Bela Vista, Musical Solo Ignácio Arendt, Coração Nativo, Grupo Ponczek. Celso Taborda possui o site www.musicapolonesa.com.br, através do qual se pode ouvir trechos de música polonesa.

A dança da mesa - pelas 22 horas, era realizada a dança da mesa, o czepowiny ou odczepiny. Os noivos eram colocados sentados à mesa ao centro do boisko, juntamente com os padrinhos. Cada conde e dama tinha a tarefa de ir buscando cada um dos convidados, dançar uma volta com o convidado ao redor da mesa dos noivos. Aí, o convidado pagava a gratificação do casamento, depositando uma cédula de dinheiro no prato dos noivos. A compensação da gratificação era um novo cálice de vodka ou licor, ou balas, ou cigarros. Não havia o costume de cortar a gravata do noivo ou recolher moedas no sapatinho da noiva. No final, o noivo ficava sentado à mesa e a noiva escolhia alguns rapazes para dançar com eles, o que era uma grande honra. Ao final dessa cerimônia, a noiva se sentava no colo do noivo e as senhoras casadas retiravam ( odczepic ) o véu da noiva e então ela recebia um lenço-de-cabeça ( chustka ); a partir dessa hora, já como mulher casada, ela passava a usar o lenço todos os dias. Fazia-se uma brincadeira, em que as casadas puxavam a noiva para o lado delas e as solteiras puxavam-na para o lado das solteiras. Enquanto isso, os homens respeitáveis, trajados de chapéu, em qualquer canto, com um baralho bem surrado, improvisavam uma mesa para jogar uma eletrizante partida de truco.

O Poprawiny - a música e a dança continuavam até o amanhecer do dia. Para repor as energias, pela meia-noite era servido um cafezão com a comida especialmente preparada para essa hora: pastel de requeijão ( pierogi ), bolinho de carne ( klopse ), geléia de porco ( zylcz ), bolachas, sonhos, bolos, cuques... No almoço do dia seguinte, domingo, parentes e vizinhos iam de novo na casa da noiva para um almoço festivo - repique - , chamado poprawiny; se algo não foi bom no dia anterior, agora era reparado! A legitimação de se comparecer nesse almoço era a desculpa de se oferecer para fazer a limpeza do pós-casamento; porém, depois de tanto piwo e vodka, o serviço ficava, naturalmente, para os donos-da-casa para a segunda-feira.

O Patacisko - casal que casa, quer casa para morar. O primeiro local que o filho ou a filha do casal polonês pensa em morar é ao lado da casa dos pais, ou seja, no Patacisko. Explicando: Patacisko é o local aonde se plantava batata-doce ( pataty ) para a alimentação da vaca ( krowa ) e do porco ( swinia ). Todo dia, a dona-da-casa ( babka ) tinha a tarefa de ir buscar a batata-doce para os animais, com o auxílio de um carrinho-de-mão ( toki ). Por isso, o Patacisko tinha que ficar perto da casa. Nas colônias mencionadas, há centenas de casas construídas no Patacisko. O pai era um pequeno lavrador; a mãe, dona-de-casa e responsável pela criação de animais. A casa sempre era construída perto de um córrego para facilitar a água para os animais. Na propriedade, sempre havia um poço de água potável e um cercado com pasto para eqüinos e bovinos. As terras férteis mais ao longe da casa eram destinadas para a plantação de batata, trigo, centeio, cevada, milho, feijão, ervilha, repolho... Olhando da janela da casa-mãe, a babka - mãe ou sogra - conseguia controlar no Patacisko as briguinhas do casal novo, as brincadeiras dos netos, a hora de as crianças irem para a escola, a hora que o genro chegava em casa, e, ai, se voltasse bêbado..

terça-feira, 26 de julho de 2011

Patrimônio da Cultura Eslava















A igreja, construída a partir de 1889 e inaugurada em 1903, está localizada na Serra do Tigre, em Mallet-Paraná. A base de sustentação do imóvel são troncos encaixados e recobertos de madeira. As paredes são triplas, onde a madeira foi encaixada com pouco uso de pregos. Apresenta ainda, no interior, pinturas com imagens de São Nicolau, Nossa Senhora e São José. Além de ser uma obra feita com madeira de araucária, tipicamente paranaense, a cultura é preservada na igreja por meio da religiosidade e da vida social que a rodeia, com suas tradições, ensino da língua e atividades de folclore. O trabalho de restauro será coordenado pelo Instituto Arquibrasil, com o apoio do IPHAN e patrocínio da Caixa Econômica Federal.
O inventário de edificações da imigração polonesa e ucraniana do Centro Sul do Paraná está sendo realizado por iniciativa do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. A área de abrangência do inventário inclúi 22 municipios do Estado: Palmeira, São João do Triunfo, São Mateus do Sul, Antônio Olinto, Paula Freitas, Paulo Frontin, Mallet, Rio Azul, Rebouças, Irati, Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares, Imbituva, Guamiranga, Prudentópolis, Ipiranga, Ivaí, Reserva, Cruz Machado, Porto Vitória, União da Vitória e General Carneiro. Com isso, foram realizados trabalhos de prospecção visando a identificação e reconhecimento de residências, imóveis comerciais e industriais, igrejas de rito latino, igrejas de rito ucraniano e ortodoxo, cemitérios, escolas e clubes recreativos, totalizando 148 imóveis identificados e 108 inventariados.
No Paraná, a maioria dos imigrantes ucranianos chegaram a partir de 1895. Estima-se que foram mais de 10 mil famílias que formaram comunidades em Curitiba e no interior do estado.
O Paraná é o estado com maiores influências da cultura polonesa no Brasil. Muitos descendentes falam o idioma polonês como língua materna. Um grande número de imigrantes estabeleceram-se no país entre 1869 e 1920. Estima-se que 60.000 poloneses vieram para o Brasil nesta época e estabeleceram-se em Curitiba e no interior do estado. Com um número estimado em mais de 1,8 milhão descendentes no Brasil, os poloneses se tornaram uma grande influência na cultura brasileira.
Numa pequena análise da cultura eslava, partindo de uma foto que seja, de uma indumentária, de uma casa tradicional, de uma canção folclórica, de uma comida típica, de uma celebração religiosa, podemos perceber como esses sistemas simbólicos atuam, e como eles exercem um poder estruturante, por serem estruturados. Tudo é interligado e todos entendem estes códigos, que são também códigos de linguagem e comunicação. Para aqueles que não fazem parte desta comunidade pode parecer muito estranho e não fazer nenhum sentido, mas para aqueles que fazem parte tudo se interliga e conversa entre si, são as partes uma quebra-cabeça que é o próprio conjunto, mesmo sendo uma peça, é também o todo, pois ela traz implícitamente todos os símbolos da cultura, mesmo uma foto ou uma comida típica, isoladamente, pode representar o ápice da cultura, pois seu simbolismo possui um poder estruturante que fala por si só e não seria exagero dizer que para o imigrante/descendente, tal símbolo é a própria pátria, a própria Polônia ou a própria Ucrânia.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Catuaba e Rosa do amor



Prezado Guy.
Partiu da iniciativa de HC e foi apreciada por seus correlegionários. Beber catuaba com a rosa do amor é a exacerbação do sentimento de Eros. A catuaba com suas propriedades afrodisíacas somatiza o plus de potência presente implicitamente nos pistilos da rosa do amor. O resultado é o êxtase conjunto de Eros e de seus adoradores. E se fizermos um orgone neste momento, o desvario será total. Você ainda irá provar deste drink manipulado por HC, O Soberano da Casa, em sua farmacopéia e servido homéricamente nos ledos e levianos sarais literários.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sapatinho de Cristal...



Lendária propaganda do Chivas Regal. Muito sugestiva e bem insinuante, a partir desta imagem, eu posso claramente traçar um paralelo entre noite, bebida e mulher. Mas é melhor não falar, será novamente uma ofensa ao feminismo. Melhor deixar pra expressar no terceiro albúm dos Trapus de Luxo. As especulações giram em torno de uma temática bem universal e arrebatadora, já temos um nome: Se cuida Rapunzel!!!Bem sugestivo e insinuante, assim como o velho Chivas...