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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quinhentos Anjos



Quinhentos anjos desciam do céu em espiral
E afagavam sua cabeça cansada.
Eu falava pra mim mesmo:
É preciso ir mais além, é preciso ir mais além
Na fraqueza ou na força,
No escuro ou na luz.
Você escutou minha conversa
Tentou entender e não conseguiu.
Na dança dos sexos não dancei.
Você dançou mesmo sem música.
O corpo revoluteava solto no firmamento
Refletia o cristal do sorriso tão-vida.
Eu errei de novo. Eu errei.
Quis ir embora,
Meus pés não obedeciam,
Um latejo no peito,
Um amargo na alma, já tão cedo.
Quis não existir
Mas as evidências eram tantas,
Minha sombra no muro,
Meus pés dentro do sapato,
Minha imperfeição na madrugada
Minha ressurreição na aurora,
Meu nome balbuciado por seus lábios sacrossantos.
Conformei-me então, pela metade
Éramos uma construção,
Mesmo que eu não dominasse meu presente.
Tanta coisa por se fazer, por nós dois
Para nós dois e com nós dois.
Estremecia meu pensamento
E se crispava minha espinha,
Beijava a paz do seu rosto
Não nos perderemos na estrada,
Mesmo com passos combalidos,
Mesmo desencarnado,
Mesmo doente,
Mesmo morto, guiarei nós dois
Por ledas veredas, calmas e serenas
E desceremos em espiral
Com quinhentos anjos a nossa volta.

Um comentário:

Feérica "Psychedella" Fuzilêra disse...
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